domingo, 12 de setembro de 2010

Pesquisa em Educação


RESUMO

O presente artigo demonstra que para ampliar a facilitação do conhecimento e aprendizagem é necessária a evolução na educação, partindo da premissa que o educador deve atualizar-se, constantemente, através de pesquisas por todos os meios e métodos disponíveis. Estima-se que, com a evolução constante dos métodos e meio utilizados, o ambiente acadêmico será mais embasado. Sugerimos assim, o acompanhamento dos modelos de Lawrence Stenhouse onde “todo educador assuma seu lado experimentador no cotidiano e transforme a sala de aula em laboratório”.


INTRODUÇÃO

O presente artigo visa demonstrar a importância da pesquisa na educação para ampliação da facilitação do conhecimento e aprendizado, através de uma constante evolução nos métodos e meios utilizados para realização de pesquisas no ambiente acadêmico.


OBJETIVO

O presente artigo tem por objetivo sugerir processos para realização de pesquisa em educação sob uma análise focada em sua evolução.



REVISÃO DE LITERATURA

O processo de pesquisa tem sido usado em muitos campos de atuação, inclusive por professores, como um método de apenas exercitar a consulta sobre um determinado assunto.

Uma consulta direcionada perfilada como pesquisa pode até trazer determinada contribuição para incentivar a curiosidade ativa da criança ou do adolescente, ficando longe de um processo de pesquisa, mas é um item de contribuição para a aprendizagem.

Para se obter um contexto de pesquisa é necessário efetuar o confronto, cruzando os dados, as evidências, as informações coletadas sobre o assunto em questão, aliando estes procedimentos ao conhecimento teórico acumulado no decorrer do processo.

O ponto de partida de uma pesquisa é o estudo de um problema que cause o interesse do pesquisador. O interesse gera envolvimento com a pesquisa o que transformará o esforço em resultados na elaboração de conhecimento e soluções propostas ao problema em foco. Um conhecimento que nascerá como complemento e fruto da curiosidade, da inquietação, da inteligência e da atividade investigativa. Ele, o pesquisador, é o fio condutor inteligente e ativo dessa tênue linha do conhecimento acumulado na área e das evidências que estão sendo estipuladas no momento inicial da pesquisa.

O papel social de uma pesquisa tem caráter imperativo na condição de legítima busca do conhecimento científico. Um conhecimento que leva o registro de seu tempo, em um compromisso com a realidade histórica, levando em consideração que a construção da ciência é um fenômeno social, por excelência, e que a pesquisa não se concretiza numa estratosfera localizada acima da linha de atividades comuns e correntes do ser humano, sendo assim sensível às injunções inerentes dessas atividades, pois, sendo uma atividade humana, a pesquisa carrega, em seu âmbito, carga de valores, preferências, interesses e princípios que norteiam o pesquisador.

A evolução dos acentuados estudos no campo da educação demonstrou que poucos fenômenos nesta área permitem a submissão a uma abordagem analítica, considerando-se que na área da educação os fatos ocorrem em estilo diferente no qual fica impraticável isolar-se as diversas variáveis responsáveis pelos efeitos desta evolução. É fundamental não levar a complexa realidade do fenômeno educacional para um método simplificador de análise, no qual o conhecimento pode ser sacrificado na intenção de favorável da implantação do esquema.

É fundamental o reconhecimento de que o estudo experimental possui sua identidade e importância, tanto quanto sua utilidade, embora nos regimes atuais não tenha encontrado compatibilidade espontânea com a rigidez do esquema experimental. Afinal, é sobre a teoria concebida e acumulada pelo pesquisador a respeito do assunto em pesquisa que se constrói o conhecimento. O desafio da pesquisa é justamente captar uma realidade com perfil dinâmico e complexo, no caminho de sua realização histórica, sendo que, na educação, é a múltipla ação de inúmeras variáveis atuando e interagindo em tempo simultâneo.



METODOLOGIA

De maneira experimental, propomos que a pesquisa na educação busque incentivos para desenvolver, cada vez mais, laboratórios onde as informações possam ser processadas, analisadas e transformadas em conhecimento disponível para a sociedade.

O desenvolvimento dessas informações transformadoras pode resultar em benefícios imensos dentro de nosso universo educacional, tornando-as prioridade de projetos sociais e políticos o investimento em pesquisas.

Quando se trata de traduzir pesquisa básica em sucesso industrial, poucos países se igualam à Alemanha. Grande parte do motivo deste sucesso é a Sociedade Fraunhofer, uma rede de institutos de pesquisa que existe apenas para solucionar problemas industriais e criar tecnologias desejadas. A organização criou de tudo: desde “lasers” importantes comercialmente para corte de partes de carros até o popular formato MP3 para música.

Fundada em 1949, a Sociedade Fraunhofer é atualmente a maior organização da Europa para tecnologia aplicada, contando com 59 institutos que empregam 12 mil pessoas, e continua a crescer. Atualmente, há Fraunhofers até mesmo nos Estados Unidos e na Ásia. Os centros fornecem base para jovens pesquisadores que alimentam a academia e a indústria. Muitos estudantes usam esses centros como trampolins para a indústria.

Pode-se ver o sucesso da Fraunhofer pelo número de patentes que consegue - 449 só no ano passado. Isto a coloca em 27o lugar na lista dos principais obtentores de patentes da Europa, e é a única "sociedade" entre gigantes como Siemens e Volkswagen. Mas se a Fraunhofer é a rota mais conhecida da Alemanha para conversão de idéias em produtos práticos, ela não é a única.

As universidades estão entrando no ramo de transferência de tecnologia, apesar dos poucos elogios aos seus sistemas. Antes, a equipe da universidade que inventava novas tecnologias tinha direito exclusivo sobre quaisquer patentes. Isto mudou em fevereiro de 2002. Agora, os inventores têm de oferecer suas idéias primeiro às universidades, que têm quatro meses para decidirem se a levam adiante ou não. Se o fizerem, elas recebem direitos de patente e 70% de qualquer receita.

Um exemplo importante para o nosso universo de pesquisa em educação: o governo canadense está com inscrições abertas para três programas de bolsas de estudo no exterior, em 2003 e 2004. Há oportunidades de pesquisa, intercâmbio e de complementação de estudos para professores.

Um dos programas de bolsa é na área de pesquisa. A proposta é oferecer oportunidade de visita ao Canadá por período máximo de quatro semanas a docentes e pesquisadores de universidades brasileiras. Eles devem possuir pelo menos mestrado e interesse em realizar pesquisa sobre o Canadá, ou sobre aspectos das relações bilaterais com o Brasil. Em alguns casos, já que não dispomos de programas semelhantes aqui, o programa pode viabilizar recursos para pesquisas realizadas no país do aluno.



RESULTADOS

Como resultado, o incentivo de processos de pesquisas pode possibilitar o desenvolvimento de muitos setores de nossa sociedade.

A ciência no Brasil vem crescendo desde 1990. A cada ano, o número de trabalhos científicos publicados no país (método usado para avaliar a produção científica) cresce quase que exponencialmente, de acordo com Carlos Henrique Brito da Cruz, presidente da Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo). Mas, segundo ele, para que o crescimento seja maior, falta mais envolvimento das empresas privadas. “O apoio da iniciativa privada não deve fomentar a pesquisa das universidades”, explica Cruz. “Esse setor precisa fazer a sua própria pesquisa”. De 1995 até 1998, a produção científica brasileira cresceu 160%. E esse aumento não é uma tendência mundial. Segundo Cruz, o Brasil é o segundo país que mais cresceu em produção científica, perdendo apenas para a Coréia do Sul. O crescimento da ciência na Coréia seria resultante de um aumento nos gastos em educação, ciência e tecnologia.

No Brasil, o aumento não foi nas verbas, mas em recursos humanos. “É bem notável como o crescimento de produção científica do Brasil se inicia exatamente por volta de 1989, justamente na época em que o governo passou a incrementar fortemente e a valorizar a questão das bolsas para pós-graduação”, diz. O Brasil tem hoje um número maior de cientistas capacitados, em grande parte por causa das bolsas para doutorado e mestrado, oriundas do governo federal - do CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico) e da Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior).



CONCLUSÃO

É impossível concluir o artigo sem mencionar o professor-pesquisador Lawrence Stenhouse que justificava: “A técnica e os conhecimentos profissionais podem ser objeto de dúvida, isto é, de saber e, conseqüentemente, de pesquisa”. A eficácia de suas teorias pôde ser comprovada enquanto ele ainda estudava o tema. No final dos anos 1960, trabalhando no Schools Council for Curriculum and Examinations, de Londres, criou e pôs em prática um currículo específico para atender jovens de classes populares — com excelentes resultados. Na década de 1970, Stenhouse fundou, junto com um grupo de colegas, o Centre for Applied Research in Education, dentro da University of East Anglia. Seu objetivo principal era elaborar um modelo de ensino no qual todo professor fosse capaz de manter a autoridade, a liderança e a responsabilidade em sala de aula sem transmitir a mensagem de que só o saber lhe confere esse poder.

Enfim, em pleno século XXI, com os computadores invadindo todos os espaços, os professores que são responsáveis pela informação e formação do indivíduo, estão longe do contato com essa tecnologia e da ferramenta de pesquisa interminável que é a internet, de acordo com a pesquisa da Unesco "O Perfil dos Professores Brasileiros: o que fazem, o que pensam e o que almejam", realizada recentemente, utilizando-se como sua principal fonte de informação a TV (74,3%), seguida do rádio (52%) e outros parcos 23,5% dizendo que lêem jornal de uma a duas vezes por semana. Essa é a realidade que causa um impacto muito grande sobre a qualidade da educação e os processos de pesquisa, quando se deveria convergir educadores e alunos com os diversos meios de pesquisa e processos de vivência elevando, de forma significativa, a qualidade de resultados.

http://www.cesarromao.com.br/redator/item24131.html

Filosofia da Educação


No mundo pragmático em que vivemos, a filosofia parece não servir para absolutamente nada. Ela não consta das rubricas orçamentárias, não tem dotação , não recebe verbas específicas... Mal consta dos currículos escolares e os filósofos são, em sua maioria, uns ilustres desempregados...



No entanto, ela serve, ou melhor, comanda tudo. Está presente em qualquer decisão séria que tomamos, em qualquer estratégia que implantamos. Pode-se dizer que ela é onipresente. Conforme Jaspers (1977. p.13) “a filosofia é imprescindível ao homem. Está sempre presente e manifesta nos provérbios tradicionais, em máximas filosóficas correntes, em condições dominantes, quais sejam, por exemplo, a linguagem e as crenças políticas”.



É interessante notar que as grandes crises históricas foram férteis em pensamento filosófico. Após a grande crise européia conseqüente à invasão dos bárbaros, surgiram as grandes sínteses da Idade Média. A revolução copernicana que deu origem ao mundo moderno fez aparecerem as filosofias racionalistas. À Segunda Guerra Mundial seguiu-se o existencialismo...Nosso mundo, nosso país estão certamente em crise. Estamos sentados sobre um vulcão que ameaça explodir. E já se esboçam linhas novas de concepção filosófica.



Haverá uma relação necessária entre crise e filosofia? De certo. A crise produz o que os gregos denominavam “thaumásia”, ou seja, admiração, pasmo, espanto que eles apontavam como sendo a origem do pensar filosófico. Jaspers (ib) acrescenta que a consciência do que ele chama “situações-limite” – ter de morrer, ter de sofrer, ter de lutar, estar sujeito ao acaso e incorrer inelutavelmente em culpa - também nos leva a filosofar. Não será porque esta consciência nos põe também ela em crise, causando espanto ou pasmo, a thaumásia dos gregos?



Poderíamos, talvez, dizer que a crise gerando o espanto ou pasmo, torna-nos conscientes de nossa fragilidade física, intelectual, social ou moral, levando-nos a encarar a realidade como um problema na acepção que lhe dá Julián Marías (apud Saviani, l980. p.20) de situação dramática em que se está e não se pode mais continuar, exigindo, assim , uma solução. Ou seja, a crise, transformada em problema, desperta a reflexão ou “ato de retomar, reconsiderar os dados disponíveis, vasculhar numa busca constante de significado” (Saviani, 1980. p 23). Quando esta reflexão se torna, acrescenta Saviani (ib) radical, rigorosa e global ou de conjunto nasce a filosofia.



Ao dizermos reflexão radical, devemos entender a expressão em seu sentido literal: trata-se de uma reflexão que vá à raiz dos problemas, buscando atingir suas últimas e mais profunda ramificações. Quando dizemos que a reflexão deve ser rigorosa, entendemo-la como sistemática e metódica. A reflexão deve ser ainda global ou de conjunto, isto é, realizada de modo a abarcar todos os dados, de modo a não deixar escapar nenhum fio condutor no difícil trabalho de discernir no emaranhado das raízes as imbricações fundamentais.



Resumindo, podemos com Saviani (1980. p.27) afirmar que “a filosofia é uma reflexão radical, rigorosa e de conjunto sobre os problemas que a realidade apresenta”.





Já se vê que a filosofia é, antes de mais nada, uma atitude e uma tarefa das quais resultam “filosofias” como produto. Atitude ou disposição de amor à verdade, que supõe, sobretudo, muita humildade e nenhuma arrogância de espírito, como afirma Jaspers (1977. p 14), ao explicar o significado, a um tempo etimológico e histórico, do termo: “A palavra grega ‘philósophos’ foi formada em oposição a ‘sophós’ e significa “o que ama o saber”, em contraposição a ao possuidor de conhecimentos (dono da verdade) que se designava por sábio. Este sentido da palavra manteve-se até hoje: é a demanda da verdade e não a sua posse que constitui a essência da filosofia...”



Das crises, portanto, surgem as filosofia como fruto da necessidade humana de compreender a realidade e de fundamentar a ação que visa a transformá-la.



Será a filosofia algo de intermitente, que apenas de vez em quando desponta ao longo da história? Não, pois a história é - e cada vez mais - uma longa e funda crise na qual há, certamente, períodos mais dolorosos e enfáticos, mas que por sua contínua e surpreendente novidade está sempre a nos chocar, suscitando-nos, em conseqüência, uma atitude constante de reflexão e de busca. A filosofia é, assim, onipresente, pois, se ninguém escapa ao mundo e à história, ninguém, a não ser por demência, escapa à crise: “Não se pode fugir à filosofia. Pode-se perguntar apenas se ela é consciente ou inconsciente, boa ou má, confusa ou clara. Quem recusa a filosofia está realizando um ato filosófico de que não tem consciência” (Jaspers, 1977. p.13).



A afirmação final de Jaspers não faz mais que atualizar o velho argumento aristotélico: “Ou se deve filosofar, ou não se deve filosofar. Se não se deve filosofar, isto só em nome de uma filosofia. Portanto, mesmo que não se deva filosofar, deve-se filosofar” (cf. Bochenski, 1973. p. 23).



“Me philosophetéon, philosophetéon”, declarava Aristóteles: mesmo que não se deva filosofar, deve-se filosofar. Não há como fugir à filosofia. É verdade que nem todos têm condições de estabelecer uma reflexão que vá até as raízes, que siga com rigor um método, que possua todos os dados necessários a uma visão de conjunto da realidade, sobretudo se considerarmos que esses dados se avolumam e complexificam, à medida que avançam as ciências. Todos tentam, entretanto, consciente ou inconscientemente, com os recursos de que dispõem, com as informações que têm à mão, dar uma resposta aos problemas fundamentais, explicar as “situações-limite”, dar um sentido à vida e à realidade: todos, de algum modo, filosofam.



Uma observação final deve ser ainda acrescentada: “Filosofar significa estar a caminho. As interrogações são mais importantes que as respostas e cada resposta se transforma em nova interrogação” (Jaspers, 1977. p 14). A filosofia é aberta, por mais que o filósofo pretenda dar respostas definitivas. A realidade é rebelde e não se deixa apanhar com facilidade em nossas redes de compreensão. É por demais complexa e dinâmica para que possamos emitir sobre ela uma palavra definitiva. Nem sempre – e isso ocorre com freqüência – consideramos todos os dados disponíveis ou escolhemos as informações capazes de nos conduzirem à raiz mestra dos problemas ou das crises. Ou, então, quando parece que a atingimos, damo-nos conta de que ainda estamos na superfície e de que é necessário cavar mais fundo: “cada resposta se transforma em nova interrogação”. Não importa o esforço! É melhor seguir que estagnar. Além disso, não caminhamos sozinhos. O que não descobrimos, outros descobrem ou descobrirão e nossas chamas juntas tornarão o mundo, se não transparente, pelo menos mais claro!



A filosofia é, pois, imprescindível. Não serve para nada e serve para tudo. Não há como negá-la: ela se impõe por si mesma! Refugá-la, só deixando de ser o que somos: consciências que refletem num mundo em permanente crise, num constante devir.





II – Para que Filosofia da Educação?



Talvez seja mais pertinente perguntar: para que filosofia na educação? A resposta é simples: porque educação é, afinal de contas, o próprio “tornar-se homem” de cada homem num mundo em crise.



Não há como educar fora do mundo. Nenhum educador, nenhuma instituição educacional pode colocar-se à margem do mundo, encarapitando-se numa torre de marfim. A educação, de qualquer modo que a entendamos, sofrerá necessariamente o impacto dos problemas da realidade em que acontece, sob pena de não ser educação. Em função dos problemas existentes na realidade é que surgem os problemas educacionais, tanto mais complexos quanto mais incidem na educação todas as variáveis que determinam uma situação. Deste modo, a “Filosofia na educação” transforma-se em “Filosofia da Educação” enquanto reflexão rigorosa, radical e global ou de conjunto sobre os problemas educacionais. De fato, os problemas educacionais envolvem sempre os problemas da própria realidade. A Filosofia da Educação apenas não os considera em si mesmos, mas enquanto imbricados no contexto educativo.



Penso que disto decorrem duas conseqüências muito simples, óbvias até! A primeira é que todo educador deve filosofar. Melhor ainda, filosofa sempre, queira ou não, tenha ou não consciência do fato. Só que nem sempre filosofa bem. A este respeito afirma Kneller (1972. p. 146): “se um professor ou líder educacional não tiver uma filosofia da educação, dificilmente chegará a algum lugar. Um educador superficial pode ser bom ou mau. Se for bom, é menos bom do que poderia ser e, se for mau, será pior do que precisava ser”.



Que problemas no campo da educação exigem de nós uma reflexão filosófica, nos termos acima explicitados? São muitos. Permitam-me apontar apenas alguns.



Já que a educação é o processo de tornar-se homem de cada homem, é necessário refletir sobre o homem para que se possa saber o “para onde” se deve orientar a educação. É necessário, porém, que esta reflexão não seja unicamente teórica, abstrata, desencarnada. É preciso levar em conta a situação espácio-temporal em que ocorre o processo. Com efeito, não importa apenas o “tornar-se homem”, mas o “tornar-se homem hoje no Brasil”. Só desta forma podemos estabelecer com clareza o que, por exemplo, se tem convencionalmente chamado de “marco referencial”, a partir do qual, numa instituição educativa, currículo, planejamento e atividades podem atingir um mínimo de coerência e de eficiência.



Que teoria de aprendizagem adotar? Que métodos e técnicas utilizar? Já afirmavam Binet e Simon correr “o risco de um cego empirismo quem se conforma em aplicar um método pedagógico sem investigar a doutrina que lhe serve de alma”. Não há métodos neutros. Não há técnicas neutras. No bojo de qualquer teoria, de qualquer método, de qualquer técnica está implícita uma visão de homem e de mundo, uma filosofia.



A filosofia é, assim, norteadora de todo o processo educativo. O maior problema educacional brasileiro sempre foi e ainda é, a meu ver, o denunciado por Anísio Teixeira no título de uma de suas obras principais: “Valores proclamados e valores reais na educação brasileira”. Quer em nível de sistema, quer em nível de escola, proclamamos belíssimos princípios filosófico-educacionais. Na prática, entretanto, caminhamos ao sabor das ideologias e das novidades e – o que é pior – sem nos darmos conta da incoerência existente entre nossas palavras e nossos atos.



A segunda conseqüência a ser tirada do que antes dissemos é que também o educando deve filosofar, ou seja, deve refletir sistematicamente, buscando as raízes dos problemas - seus e de seu tempo - de modo a formar uma “visão de mundo” e adquirir criticamente princípios e valores que lhe orientem a vida. Só assim serão homens e não robôs. É preciso, pois, municiá-lo de instrumentos racionais e afetivos para que se habitue a ser crítico, a não se contentar com qualquer resposta, a colocar sempre e em tudo uma pitada razoável de dúvida, a cavar fundo e não se intimidar perante a tarefa ingrata de estar sempre questionando e se questionando.



A partir de minha já longa experiência de magistério, posso afirmar que há sempre fome de filosofia. Basta levantar um problema nos termos acima descritos para que se alcem as antenas, sobretudo as juvenis! Talvez porque, tendo uma percepção não muito nítida, mas agudamente sentida da crise, faltem aos jovens o instrumental necessário para explicitá-la, analisá-la e julgá-la, em razão do banimento a que assistimos da filosofia, até mesmo de nossos currículos escolares.



Conclusão



Não há, portanto, como fugir à filosofia no campo da educação. Ela se relaciona intimamente com a função nem sempre levada a sério e, não obstante, fundamental, de avaliar. De fato, a avaliação resume, de certo modo, ou acompanha, como um vetor ou como um eixo orientador, todo o processo educacional. Ela se faz presente no início do processo, ao estabelecermos as metas; no seu decurso, quando traçamos e executamos as estratégias; no final, quando julgamos o que e quanto foi cumprido. Ora, avaliar é emitir juízos de valor e estes implicam sempre, queiramos ou não, consciente ou inconscientemente uma posição filosófica, uma filosofia.



Uma palavra, talvez, resuma tudo o que tentamos dizer: a filosofia é o aval da educação!



http://educalara.vilabol.uol.com.br/lara2.htm