Para melhor compreensão do significado do currículo no processo educacional, é necessário conhecer os caminhos pelos quais percorreram seus estudos. Neste artigo, procuramos analisar as teorias sobre o currículo, as suas principais questões e como as mesmas interferem em nossa prática. Por meio delas, podemos perceber a educação sob uma nova perspectiva, com uma visão mais ampla para além dos objetivos apenas de transmissão de conteúdos, bem como compreender que o currículo é cheio de intenções e significados, que compreende relações de poder e de espaço e que envolve aquilo que somos e em que nos tornamos. Palavras-chave: Currículo. Educação. Conteúdo. Relações de poder. Prática. 1 INTRODUÇÃO A preocupação com o currículo como objeto de estudo apa- receu em torno dos anos de 1920, com mais intensidade nos Estados Unidos da América (EUA), e teve ligação com o proces- so de massificação da escolarização e com a intensa industriali- zação. Voltada para a racionalização do processo de construção, de desenvolvimento e de testagem de currículos, essa preocupa- ção partia, principalmente, das pessoas que estavam ligadas à administração da educação. O conceito de currículo como uma especificação precisa de objetos, procedimentos e métodos para obtenção de resultados que podem ser medidos passou a ser aceito pela maioria das escolas, professores, estudantes e admi- nistradores escolares. No entanto, como esta questão apresenta grande importância no processo educacional, passou a ser vista como um campo profissional de estudo e pesquisas, fazendo com que surgissem outras teorias para questionar o currículo e tentar explicá-lo. Essas teorias relacionadas ao currículo tinham, inicialmente, como questões principais: Qual conhecimento deve ser ensina- do?, O que os alunos devem saber?, Qual conhecimento ou sa- ber é considerado importante ou válido para merecer ser consi- derado parte do currículo? Respondidas a estas perguntas, hou- ve a preocupação em justificar a escolha por tais conhecimentos e não por outros e o que os alunos devem ser ou se tornar a partir desses conhecimentos. Compreendemos que o currículo está diretamente relacionado a nós mesmos, a como nos desenvolve- mos e ao que nos tornamos. Também envolve questões de poder, tanto nas relações professor/aluno e administrador/professor, quanto em todas as relações que permeiam o cotidiano da escola e fora dela, ou seja, envolve relações de classes sociais (classe dominante/classe dominada) e questões raciais, étnicas e de gê- nero, não se restringindo a uma questão de conteúdos. Levando em consideração o exposto, percebemos o currículo como importante parte integrante do dia-a-dia da escola que exer- cerá influência direta nos sujeitos que fazem parte do processo escolar e da sociedade em geral, determinando a visão de mundo não só dessa sociedade, mas também de nossas atitudes e deci- sões neste meio. 2 TEORIAS SOBRE O CURRÍCULO Algumas teorias sobre o currículo apresentam-se como teori- as tradicionais, que pretendem ser neutras, científicas e objeti- vas, enquanto outras, chamadas teorias críticas e pós-críticas, argumentam que nenhuma teoria é neutra, científica ou desinte- ressada, mas que implica relações de poder e demonstra a preo- cupação com as conexões entre saber, identidade e poder. 2.1 TEORIA TRADICIONAL A teoria tradicional procura ser neutra, tendo como principal foco identificar os objetivos da educação escolarizada, formar o trabalhador especializado ou proporcionar uma educação geral, acadêmica, à população. Silva (2003) explica que essa teoria teve como principal representante Bobbit, que escreveu sobre o cur- rículo em um momento no qual diversas forças políticas, econô- micas e culturais procuravam envolver a educação de massas para garantir que sua ideologia fosse garantida. Sua proposta era que a escola funcionasse como uma empresa comercial ou indus- trial. Segundo Silva (2003, p.23), http://pt.scribd.com/doc/520266/TEORIAS-SOBRE-CURRICULO
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